A Springkode, sediada no centro de incubação da ANJE, já atraiu a atenção da Google internacional, tendo sido convidada a integrar o primeiro programa de aceleração da tecnológica em Portugal – O Growth Lab.
A Springkode é uma plataforma de comércio eletrónico que permite comprar roupa de qualidade premium diretamente a fábricas têxteis onde as grandes marcas de luxo internacionais vêm produzir as suas coleções.
A startup assegura o acesso a produtos de elevada qualidade a preços mais competitivos. Quando Reinaldo Moreira, CRO, pensou o projeto, este foi o seu primeiro objetivo.
Com o arranque do projeto, em conjunto com Miguel Pinto, a quem mais tarde se juntou Francisco Pimentel, construíram-no para que fosse mais além e ajudar a indústria têxtil, a segunda mais poluente do mundo, a diminuir a sua pegada ambiental. Por isso, todas as peças à venda são produzidas a partir de matérias-primas excedentárias, ajudando a dar utilidade aos stocks que se acumulam.
A visão comum da Springkode assenta numa conexão que liga diretamente o consumidor às fábricas parceiras através de uma relação pautada pelos seus valores principais e muito vincados: a rastreabilidade, transparência, circularidade e sustentabilidade.
A rastreabilidade e a transparência são duas das mais-valias do projeto transmitidas através de toda a comunicação da empresa o cliente encontra o preço de produção de cada peça e como se divide esta em termos de custos laborais, de materiais e de impostos. E quanto custaria se fosse vendida numa loja. A circularidade é conseguida através da reintrodução dos produtos na cadeia de valor quando chegam ao fim da sua vida útil, a que esperam poder aceder já em 2021.
Subsequente à integração das empresas produtoras na plataforma advém um ambiente de cooperação entre os parceiros envolvidos. «Não faz sentido as coisas ficarem num canto a estragar-se. Pelo contrário, nós temos é que saber olhar para o que está dentro de portas e reutilizar, fazer upcycling, juntar com outras matérias, daí haver a possibilidade de colaborar com outra empresa. Eu não tenho o tecido que pretende, mas pode ser que a empresa que está no grupo tenha e, se calhar, se ele precisar de acessórios, tenho eu. Isso é ótimo, porque não temos que ir comprar, não temos que fazer novo, temos é de saber reutilizar o que cada um de nós tem», explica Cátia Pereira, designer e controladora de qualidade da Confecções Manuela & Pereira.
Todos os artigos são criados pelas próprias fábricas e vendidos no marketplace da Springkode, que cobra uma comissão em cima de cada venda e articula a parte logística com as fábricas e a DHL. Cerca de 80% das vendas são feitas em Portugal, mas há clientes por toda a Europa, com particular incidência em Espanha e no Reino Unido.
A Springkode que arrancou com três fábricas, em 2018, fechou o ano seguinte com 14 espera, até ao fim do ano, chegar aos 30 parceiros, incluindo unidades industriais estrangeiras, estando em negociações com fábricas espanholas e inglesas e atingir os 300 mil euros de faturação. “Desafiamos a confeção a aproveitar todo o know how, expertise e investimentos já realizados em recursos humanos e equipamentos em seu próprio benefício, aproveitando os tempos mortos e as flutuações da procura para rentabilizarem os ativos que já têm”, explica Reinaldo Moreira.